「琉球国者南海勝地而鍾三韓之秀以大明為輔車以日域為唇齒在此二中間湧出之蓬莱島也以舟楫為万国之津梁異産至宝充満十方刹」
Com os três reinos da Coréia, nossa dinastia Míng
E afortunadamente próximo ao Japão.
Situada a meio caminho, é uma ilha abençoada
E a todos os países se torna uma ponte.
Situado no centro das dez direções, nossos navios
Carregam as riquezas que abençoam nossas terras.
Quando cursava o colégio Chūbu Nōrin, havia um professor que falava com paixão sobre as inscrições do sino Bankoku Shinryō. Atualmente ele é membro do parlamento e seu nome é Tokushin Yamauchi. Esse professor, de vez em quando nos contava sobre as maravilhas da cultura de Okinawa, de como a história do reino de Ryūkyū cruzava os mares da Ásia. Quando ouvia aquelas histórias, um grande e vibrante sonho despertava dentro de mim. Naquele tempo, uma arte que me era familiar me chamava a atenção. Esta arte era uma das que fazia Okinawa se orgulhar perante o mundo: o eisā.
O encanto do eisā é unificar os corações através do som do taiko, de onde a gente consegue sentir a fonte da vida. Quando era criança, ficava horas fascinado pelo som e pela grandiosidade dos jovens tocadores de eisā. Quando fiz 20 anos, me envolvi com o eisā da vila onde nasci. No grupo de Awase, bairro onde eu morava, assim como a maioria dos grupos da região central de Okinawa, eram usados ōdaiko e shimedaiko. Entretanto, desde aquela época, eu dizia: “e se um dia reuníssemos 1000 ōdaiko para soarem juntos?”. Eu contava esse meu sonho para muitas pessoas, mas ninguém ouvia com muita seriedade. Apesar disto, o eisā de então usava dois, no máximo quatro ōdaiko, enquanto o shimedaiko era utilizado em maior quantidade. Ninguém sequer imaginava 1000 tambores de eisā juntos.
Dez anos depois, eu conheci a pessoa chave para começar o Ryukyu Koku Matsuri Daiko: o segundo presidente do grupo, Tatsuhiro Teruya. Contei para ele sobre o meu sonho dos 1000 ōdaiko, mas também falei “mesmo que eu não consiga realizar, daqui cinco ou dez anos, com certeza alguém conseguirá”. Mas ele me incentivou dizendo “Medoruma, esse alguém tem que ser você”. Com essas palavras eu fiquei determinado.
Naquela época, em Okinawa existiam muitos vândalos e eu conhecia muita gente que perdia a vida nesses vandalismos. Assim, pensei em criar algo pelo qual os jovens pudessem ficar fascinados o ano inteiro, e não só na época do obon, incorporando o rock e o pop e criando um novo estilo de eisā. Com o grande desejo de que os jovens se interessassem pelo eisā ao invés do vandalismo e evitar mais mortes, foram dados os primeiros passos para o surgimento Matsuri Daiko, cujo lema é chubachi ni gojūnin no tomodachi ga dekiru (fazer 50 amigos de uma só vez).
Por meio dessas palavras, uma grande quantidade de jovens se reuniu e o Ryukyu Koku Matsuri Daiko teve início.
Coluna Takeo Medoruma
Texto original publicado em 04/02/2012
Fonte: http://column.ryukyukokumatsuridaiko.com/