Okinawa é uma ilha onde florescem a música, a dança e muitos tipos de cultura. Quando me perguntam o que seria o tesouro de Okinawa, eu costumo responder que é a palavra geion que estava fixada no “Pavilhão Geion” há 500 anos, no porto de Naha*. Esse pavilhão é o símbolo da história da cultura de Okinawa se inovando conforme recebia influências de outras culturas. O karatê de Okinawa se estabeleceu recebendo influência das artes marciais chinesas, e agora se expande pelo mundo. A tradição do sanshin também veio da China para Okinawa, e então para o Japão, onde continuou se desenvolvendo. No porto onde muitos estrangeiros eram recebidos, construiu-se o Pavilhão Geion 「迎恩亭」 e lá se colocou esta palavra, representando a gratidão a tantos benefícios e favores que receberam de vários países.

Em 1994, como membro da Associação Sino-Japonesa de Intercâmbio Cultural, fui para a Cidade Proibida juntamente com os membros do Matsuri Daiko. Havia um teatro no espaço de adoração ao imperador que foi usado por várias gerações. Quando olhei ao redor, em um lugar um pouco afastado havia uma exposição de caligrafia chinesa. Como sou interessado nesta arte, dei uma espiada. Encontrei o “paraíso da caligrafia”, onde exemplares magníficos estavam expostos como se toda a China estivesse representada. Enquanto eu devorava uma dessas escritas, um dos calígrafos puxou conversa comigo. Segundo a tradução do guia, ele disse que a escrita que eu observava era obra de um dos calígrafos expoentes da China, e que chegou até a fazer caligrafias para o imperador do Japão. E me apresentou a uma outra pessoa dizendo “aquele que está lá também é um escritor que representa o país”.

E então respondi: “Eu vim de Okinawa. Na época em que lá era uma dinastia, graças ao intercâmbio com a China, nasceram muitas culturas.” E então, encontrei um papel grande ao lado dessa pessoa e pedi que escrevesse geion nele. Esse mestre se assustou com minha atitude, assim como os outros que se encontravam no local. O motivo desse susto foi que nenhum deles havia levado um pincel grande o suficiente para que alguém pudesse escrever em um papel de tamanho 50cm por 80cm. Após observar o papel, concentrado, o professor pegou dois pincéis grandes entre os que tinha, os segurou firme como se fossem um só e, em um fôlego, escreveu 「迎恩」 geion. Os professores à nossa volta sorriram e parabenizaram a surpreendente habilidade. Profundamente tocado com o “Geion da Cidade Proibida”, as maravilhas da caligrafia e o encontro com aqueles mestres, deixei a Cidade Proibida.


* Naha: capital da província de Okinawa


Coluna Takeo Medoruma
Fonte: http://column.ryukyukokumatsuridaiko.com/