Na época em que o Ryukyu Koku Matsuri Daiko foi fundado, dois pontos peculiares chamavam a atenção. Um era o fato de dançarem somente homens utilizando o ōdaiko de eisā. O outro era o fato de utilizarmos rock, pop e músicas clássicas de Okinawa, como Tachiutushi, ao invés de somente músicas próprias de eisā.
Naquela época, o grupo chegava a se apresentar em quatro eventos diferentes no mesmo dia. E dentro do nosso repertório, a música mais popular era o sucesso de Michael Jackson, Billie Jean. A primeira apresentação do grupo fora do Japão foi no “Matsuri in Hawaii”. Durante o desfile na avenida Kalakaua, quando começou a tocar Billie Jean, um dos batedores que escoltavam o grupo ficou de pé em sua moto e começou a fazer ziguezagues conforme o ritmo da música como se estivesse se apresentando junto. O público também batia palmas com alegria e o local se animou, fazendo do desfile um sucesso. Depois do desfile, os membros ainda muito animados, resolveram ir a uma discoteca de Honolulu. Naquele lugar, estava tocando Billie Jean. Os membros acabaram automaticamente dançando o “eisā de Billie Jean”, foi quando receberam mais palmas ainda do público que lá se encontrava.
Na mesma época, em Okinawa, quando apresentamos Billie Jean em um evento organizado por uma empresa fabricante de refrigerantes, o seu vice-presidente veio até mim e disse: Esta performance é impressionante! Eu agradeci dizendo “Muito obrigado, esta música é muito bem recebida pelo público, mas eu gostaria de comunicar a Michael Jackson que estamos utilizando sua música no eisā e adquirir sua permissão. No entanto, eu posso ser bom em dialeto, mas sou péssimo em inglês, o que eu poderia fazer?” Foi quando o vice-presidente propôs: “Se o senhor redigir uma carta, poderíamos traduzir e enviar para o senhor Michael.” Mesmo espantado, tratei de escrever a carta para o cantor e o enviei à empresa. Agora, se a carta de fato chegou ao Michael Jackson no fim das contas, até hoje não tenho como confirmar…
Sinceramente, hoje em dia eu nem ao menos me lembro do que exatamente escrevi. Se fosse hoje, certamente iria escrever “Somos o Ryukyu Koku Matsuri Daiko, o grupo que sonha ver a Terra como um palco.”
Coluna Takeo Medoruma
Texto original publicado em 02/03/2012
Fonte: http://column.ryukyukokumatsuridaiko.com/