O lema do Ryukyu Koku Matsuri Daiko é “chubachi (de uma só vez) fazemos 50 amigos.” Se for pensar agora, é um pouco inacreditável, mas tenho a impressão de que os membros, de fato, estavam unidos por estas palavras. Talvez seja porque o ato de fazer amigos seja o maior tesouro da vida.

O grupo estreou no dia 11 de março de 1982, no Okinawa Matsuri, evento organizado pela cidade de Okinawa. Porém, havia um jovem que deixou de aparecer aos treinos, logo nas vésperas do tão esperado festival.

“Ultimamente não tenho visto o rapaz, tentem ir até sua casa para saber como ele está.” – pedi para meus kōhai (novatos), mas em resposta recebi “se não está aparecendo nos treinos, deve ser por falta de vontade, o número de membros está acima dos cinquenta, que era a nossa meta, por isso, um só não vai fazer falta.”

Em seguida, disse com firmeza: “no momento em que menos precisamos da pessoa, temos que dar importância a ela. Se vocês não vão, eu vou até ele e o convenço a vir aos treinos. Vamos estrear todos como um só. Acredito que isso seja o significado de amizade.” Chegando em sua casa, pude ver seu rosto cansado pelas longas horas extras de trabalho. Eu falei para ele: “o dia da estreia está chegando. Entendo que você esteja cansado pelo trabalho, mas vamos nos esforçar juntos. No eisā, se for adicionado apenas um taiko, o impacto é multiplicado por dois, se surgir mais uma roda de amigos, a emoção é aumentada em dobro. Todo mundo está te esperando.” Após isso, ele disse: “estou indo agora mesmo”, e foi logo participar do treino.

No dia da estreia do Ryukyu Koku Matsuri Daiko, os membros iniciaram a parada de abertura do Okinawa Matsuri. O som de mais de cinquenta ōdaiko de eisā causaram um impacto assustador. Juntamente com o som de uma caixa acústica gigante, levada por um furgão, definitivamente tiramos o espectador de sua zona de conforto. Não consigo esquecer o brilho nos rostos daqueles jovens enquanto realizavam o desfile. Após o desfile, foi a apresentação no matsuri. Primeiro tocamos uma música de eisā de Awase, a segunda música foi o Tanchamē do seinenkai de Chibana, finalizando com o Ayagu do seinenkai de Noborikawa.

Mesmo depois de terminada a performance, um dos jovens não largava o seu bachi. Foi como se sua batida narrasse algo. A emoção aqueceu meu coração ao ver isso. Se naquele momento todos os mais de cinquenta participantes estivessem com o mesmo sentimento daquele rapaz, a maior emoção do mundo estaria ali, eu pensei. Como se estivesse assistindo a tudo aquilo, a “bandeira da juventude” que carregamos na ocasião estava cintilando.



Coluna Takeo Medoruma
Texto original publicado em 12/03/2012
Fonte: http://column.ryukyukokumatsuridaiko.com/