Ryukyu Koku Matsuri Daiko no Carnegie Hall

Em 1995, o Matsuri Daiko participou do evento “Nihon no Saiten” (Festival do Japão) no Carnegie Hall, em Nova York. O Carnegie Hall é tido como o palco dos sonhos dos artistas do mundo. Quando recebemos o convite para o Nihon no Saiten, os membros tinham um brilho no olhar. Parece que o que deixou seus corações maravilhados, mais do que o Carnegie Hall, foi o fato de poderem ir para Nova York, onde está a estátua da Liberdade. “Na frente de um grande sonho existe uma grande barreira. Eu acredito que sejam exatamente as emoções que conquistamos ao enfrentar essas barreiras, o tesouro que dá brilho à vida.” Tivemos alguns problemas, entre eles como conseguir cobrir os custos da viagem, mas foi decidido que o grupo iria, de fato, se apresentar no palco dos sonhos.

Eu inclui o shishimai na composição de palco para este evento. O “ojishi” (grande shishi) do Matsuri Daiko estreou no Carnegie Hall. O shishimai simboliza a paz, ao mesmo tempo que representa o valiosidade da vida. Okinawa é uma ilha que ama a paz, valoriza a vida e recebe as pessoas com ternura. Desejei poder representar essas maravilhas de Okinawa naquele palco. Por isso decidi introduzir o shishimai. A cabeça do shishi foi confeccionada por um artesão, mas decidimos que a pele seria confeccionada pelos membros. Então, após os treinos voltados ao Carnegie Hall, que eram diários e terminavam tarde da noite, os membros começavam a montagem da pele, voltando para casa todo dia após as três da manhã. E então, um shishi foi concluído. No local do treino, os membros pegaram as recém concluídas pele e cabeça, juntaram as duas peças e dançaram. Todos os membros estavam com os olhos marejados.

No Nihon no Saiten, o Matsuri Daiko ficou encarregado de encerrar o evento. A performance conjunta do eisā com o shishimai emocionou muitos dos espectadores. O shishimai foi performado por Tadatoshi Teruya e Shinya Teruya. À medida que eles giravam, os pequenos pêlos que se soltavam da pele dançavam no ar como borboletas; os espectadores olhavam fixamente para o palco, apreciando esse fenômeno místico. O palco do mundo, feito de cipreste japonesa. O momento em que senti as “pegadas rumo ao sonho” dos grandes artistas foi quando nos dirigíamos do palco para o camarim, quando vi as fotos dos artistas que já pisaram naquele palco penduradas nas paredes daquele corredor.

Nossa participação no Nihon no Saiten se deveu ao intermédio do senhor Rocky Aoki, o mesmo que disse ter ficado emocionado ao ver a performance do Matsuri Daiko. Quando recebi seu cartão de visita, eu pedi para que ele escrevesse alguma palavra. Então, ele escreveu: “desafios pela vida toda até morrer”.


Coluna Takeo Medoruma
Texto original publicado em 05/04/2012
Fonte: http://column.ryukyukokumatsuridaiko.com/